Jurados aceitam tese de que grupo foi contratado por Sombra para matar prefeito
Promotoria acredita que resultado reforça tendência de que o ex-segurança do prefeito também seja condenado
A Justiça condenou ontem três acusados de matar o prefeito prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT) em júri no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande SP.
Escolhido para coordenar a campanha que levou o ex-presidente Lula ao poder, Celso Daniel foi encontrado morto com oito tiros em Juquitiba (SP) após dois dias de sequestro, em janeiro de 2002.
Ontem, após 12 horas de sessão, o júri aceitou a tese do Ministério Público de que o trio integrou um grupo contratado pelo ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, para matar Daniel.
Principal acusado, o ex-segurança ainda não foi julgado devido a recursos judiciais. Ele responde ao processo em liberdade e tenta derrubar no STF (Supremo Tribunal Federal) o poder de investigação do Ministério Público em casos criminais.
A Promotoria voltou a defender que o assassinato está vinculado a um esquema de desvios de verbas da prefeitura para financiar campanhas do PT.
Para o promotor Márcio Friggi, as investigações mostraram elo de Sombra com Dionísio de Aquino Severo, também acusado pelo crime e morto no presídio em 2002. Severo foi quem contratou o grupo, segundo a Promotoria.
"O Sombra precisava de alguém de fora para fazer o serviço sujo", afirmou Friggi. Após a sentença, ele disse que a decisão "terá reflexo no julgamento do Sombra".
A Promotoria sustenta que os telefonemas dos réus mostram que o sequestro foi tramado e que testemunhas protegidas vincularam Sombra ao esquema. A tese vai na contramão das investigações da Polícia Civil, que aponta crime comum. Ontem, a defesa dos acusados criticou o uso de testemunhas protegidas. Os advogados descartaram recorrer da decisão.
Os três réus condenados negaram conhecer Gomes da Silva e Severo.
Ivan Rodrigues da Silva (Monstro), José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos (Bozinho) foram condenados a 24, 20 e 18 anos de prisão, respectivamente. A pena se refere a homicídio duplamente qualificado, mediante recebimento de recompensa e sem direito de defesa da vítima.
Foi a segunda decisão referente ao caso. Em 2010, Marcos Bispo dos Santos foi condenado a 18 anos de prisão. Outros dois acusados, Itamar Messias Silva dos Santos e Elcyd Oliveira Brito tiveram o julgamento remarcado para 16 de agosto porque seus advogados deixaram o júri.
Em interrogatório, os três condenados disseram ter sido torturados pela polícia e acusaram o ex-deputado petista e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que acompanhou as investigações, de ter colaborado com os policiais durante a suposta tortura.
"Os policiais aceitavam tudo o que ele dizia. Ele queria porque queria porque que eu confessasse o crime", disse Rodolfo Rodrigo dos Santos. que afirmou ter sido agredido fisicamente pelo petista.
Greenhalgh chamou de "inverídicas" as alegações. "Eles [os promotores] são testemunhas de que não houve maus tratos durante os depoimentos que resultaram na confissão dos acusados."
DANIEL RONCAGLIA
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
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