sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

MÍDIA E RACISMO

Jornalista vai pagar R$ 30 mil por ofensa a repórter
Amorim chamou Pereira de 'negro de alma branca'

O jornalista Paulo Henrique Amorim, do site Conversa Afiada, terá que se retratar publicamente e pagar R$ 30 mil a uma instituição de caridade por ofender o repórter da TV Globo Heraldo Pereira.
A decisão ocorreu por acordo entre os dois em audiência no Tribunal de Justiça do DF, na semana passada.
Pereira entrou com ação cível em 2010 por danos morais e danos a sua imagem.
Na ação, argumenta que foi vítima de injúria e racismo reiteradas vezes em textos assinados por Amorim.
Os textos diziam que Pereira era "empregado de Gilmar Mendes" [ministro do Supremo] e fazia "bico" na Globo.
Pereira também foi chamado por Amorim de "negro de alma branca", expressão que motiva uma ação penal, ainda não concluída, por racismo e injúria racial.
Além dos R$ 30 mil, Amorim terá que publicar anúncio na Folha e no "Correio Braziliense" com retratação.
Amorim não quis falar. Seu advogado, Cesar Marcos Klouri, disse que a expressão "negro de alma branca" foi tirada de contexto.
Em janeiro, Amorim havia sido condenado a indenizar em R$ 30 mil o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto -ele chamou Souza de "Paulo Afro-descendente". Os dois recorreram. Seu advogado nega racismo.
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

OS CRIMES CONTRA A HUMANIDADE CONTINUAM A SER PROVOCADOS POR AQUELES QUE DEVERIAM PROMOVER OS DIREITOS HUMANOS.

ONU lista responsáveis por violência síria
Comissão aponta altos funcionários do regime que ordenaram 'crimes contra humanidade', mas não divulga nomes
EUA, Europa e Liga Árabe preveem ultimato ao ditador para cessar-fogo e permitir entrada de ajuda humanitária


Bulent Kilic/France Presse
Opositores sírios, com bandeira do país pré-Assad, acompanham funeral de uma vítima da violência na cidade de Idlib
Opositores sírios, com bandeira do país pré-Assad, acompanham funeral de uma vítima da violência na cidade de Idlib


ISABEL FLECKDE SÃO PAULO
A comissão de investigação da ONU sobre a Síria, presidida pelo professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, listou os responsáveis do regime por "crimes contra a humanidade", o que abre caminho para que sejam julgados por órgãos internacionais.
Em seu segundo relatório, divulgado ontem, a comissão disse ter entregue a lista em um envelope lacrado à ONU.
Os nomes incluem funcionários do mais alto escalão do governo. Supõe-se que o ditador Bashar Assad esteja entre os acusados, o que Pinheiro não confirma. Ontem, mais 46 pessoas foram mortas no país, segundo ativistas.
"O Conselho de Direitos Humanos nos pediu que identificássemos autores responsáveis por crimes contra a humanidade. Não inventamos isso", disse Pinheiro à Folha.
Não está claro que desdobramento a ONU dará à lista. Segundo o brasileiro, a população síria deve decidir o que ocorrerá com essas pessoas.
"É claro que, como ocorreu na América Central e na América do Sul, órgãos internacionais poderão ajudar no trabalho de responsabilização por esses crimes."
O relatório de ontem é uma atualização do primeiro texto, entregue em novembro. E, como da primeira vez, a comissão não teve a entrada no país autorizada pelo regime.
O relatório teve como base depoimentos de vítimas, opositores e a versão oficial síria.
RESPOSTA BRUTAL
Para Pinheiro, o que mais impressionou o grupo foi "a continuidade das violações, o aumento da intensidade e o progressivo recurso às armas" no país.
"Não houve nenhum esforço do governo para conter essa violência", afirma. Segundo Pinheiro, até junho, as manifestações foram pacíficas. "Mas o regime sírio respondeu de uma maneira tão brutal, que só agravou a situação."
Esse é outro ponto importante do relatório: o crescimento da violência dos opositores. "Os grupos antigoverno também cometeram abusos, mas não em escala e organização comparáveis aos cometidos pelo Estado", diz o texto.
Hoje, na primeira reunião do grupo chamado "Amigos da Síria", na Tunísia, EUA, europeus e a Liga Árabe vão preparar um documento com um ultimato a Assad.
O texto deverá exigir o cessar-fogo e a permissão de ajuda humanitária no país. Caso aprovada, a resolução pode pedir o cumprimento das medidas em 72 horas, sob pena de sanções.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sugeriu ontem que a oposição síria começará a ter apoio externo contra as forças de Assad. "Estas serão forças cada vez maiores de oposição, que encontrarão meios capazes de defender a si mesmos assim como começar medidas ofensivas", afirmou.
Rússia e China já anunciaram que boicotarão a reunião na Tunísia. Ambos vetaram resolução contra a Síria no Conselho de Segurança.
Ontem, o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, foi nomeado enviado especial conjunto das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, a fim de promover uma "solução pacífica".

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012