Conselho de Justiça analisa hoje se vai apurar suspeita de contratação de servidor fantasma no tribunal superior
Magistrado diz que fato já foi investigado e arquivado; defesa é feita pelo seu filho, indicado para compor o CNJ
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decide hoje se abre processo disciplinar contra o ministro Emmanoel Pereira, do Tribunal Superior do Trabalho, acusado de ter mantido um servidor fantasma em seu gabinete.
Quem defende o ministro é seu filho, Emmanoel Campelo de Souza Pereira, advogado indicado em dezembro pela Câmara dos Deputados para o colegiado do CNJ.
Sua nomeação ainda não foi feita pela presidente Dilma Roussef.
Campelo também defende o pai no Supremo Tribunal Federal, onde tramita inquérito sobre os mesmos fatos.
Segundo o Ministério Público Federal, o servidor Francisco Pereira dos Santos Júnior não trabalhava no gabinete do ministro e, além disso, passou-se por servidor da Câmara Municipal de Macaíba (RN) como forma de possibilitar sua requisição para exercer função comissionada no gabinete do ministro do TST.
A relatora é a ministra Eliana Calmon, que se opõe à indicação de Campelo e deve pedir abertura do processo.
No início do mês, sem citá-lo nominalmente, a corregedora nacional de Justiça afirmou que "elites podres querem infiltrar gente dentro do CNJ para minar a instituição".
Entre os apoiadores da candidatura de Campelo estão o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara, e o presidente do DEM, José Agripino.
Sua indicação obteve o aval de 13 partidos, com 360 deputados a favor e 11 contra.
A escolha de Campelo foi feita a toque de caixa, no último dia de votações em plenário, quase seis meses antes da abertura da vaga no CNJ.
O indicado tem 31 anos, idade inferior à exigida para nomeação de ministros de tribunais superiores que poderão vir a ser julgados pelo advogado no Conselho (35).
OUTRO LADO
O ministro Emmanoel Pereira informou que as acusações já foram analisadas e arquivadas pelo Tribunal de Contas da União, 1ª Vara Federal de Natal, Tribunal Regional Federal da 5ª Região e Tribunal Superior do Trabalho, além da própria corregedoria do CNJ, em 2010.
Após assumir a corregedoria, em setembro de 2010, Eliana reabriu o caso.
Pereira informou que aguarda "com serenidade a decisão do CNJ", a qual, diz confiar, "terá igual desfecho".
Emmanoel Campelo diz não acreditar que Calmon tenha afirmado que sua indicação é "infiltração das elites podres" no CNJ. "Se verídica [a afirmação], ocorreu um equívoco e grave ofensa à instituição que me escolheu para representá-la".
Ele nega que a indicação tenha sido feita a toque de caixa. "Isso é um ato discricionário e complexo, do qual participam o STF e a Câmara dos Deputados na escolha do melhor momento". Ele ressalta que sua idade é permitida pela Constituição, "tendo sido avaliado o requisito do notório saber jurídico".
Campelo afirma ainda que recebeu congratulações de integrantes do CNJ quando foi indicado. E que no Senado e na Câmara "foi avaliado o requisito da reputação ilibada, inclusive com a juntada de farta documentação".
DE SÃO PAULO
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