terça-feira, 12 de junho de 2012

Deficiente denuncia juíza por audiência na rua


Cadeirante prestou depoimento na calçada; pedido para ir a prédio com rampa foi negado

Um deficiente físico de Monte Alto (356 km de SP) fez uma denúncia ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em que acusa uma juíza de se negar a realizar audiência em local com acessibilidade -ele acabou prestando depoimento na calçada em frente ao Fórum.

O professor aposentado da Unesp de Jaboticabal Orivaldo Tenório de Vasconcelos diz que a juíza Renata Carolina Nicodemos Andrade recusou pedido para que a audiência fosse no prédio dos Juizados Especiais, onde há rampa.

Ele afirma que houve constrangimento durante o depoimento na rua -como havia muitos policiais, crianças caçoaram que ele seria preso.

O pedido para que a audiência fosse em outro local foi negado sob o argumento de que Vasconcelos, por participar até de congressos fora do país, está apto a ir ao Fórum.

A assessoria do CNJ confirmou que a denúncia foi recebida e que está sob análise.

O caso foi em abril, quando Vasconcelos, que não tem uma perna, foi testemunha em um processo contra a concessionária Tebe sobre falta de sinalização nas estradas.

A juíza, em nota, negou constrangimento e disse que o cadeirante se recusou a ser carregado por quatro degraus até o local da audiência.

O docente afirma ter avisado que, por recomendação médica, não pode ser carregado, sob risco de lesar a única perna. A juíza diz não se lembrar se houve o suposto aviso.

A Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência disse lamentar que servidores "ajam da maneira descrita"

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO


OUTRO LADO

Magistrada diz que deficiente se negou a ser carregado

A juíza Renata Carolina Nicodemos Andrade, em nota, disse que foi o cadeirante quem se recusou a ser carregado por quatro degraus até o local da audiência.

O professor pediu que a audiência fosse no prédio dos Juizados Especiais, onde há rampa, mas a juíza entendeu não ser necessário, já "que se tratava de deficiente físico com ampla capacidade de locomoção", por dirigir e viajar ao exterior.

Ela afirma ainda que nunca ninguém sem mobilidade se recusou a ser carregado para dentro do Fórum.

Ao fim do depoimento, ele disse que se sentia humilhado. "Disse a ele que não havia motivo para humilhação, que eu mesma não sentia constrangimento em ter que realizar um ato em praça pública."

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