quarta-feira, 13 de junho de 2012

Promotoria processa Estado e diz que PM falhou na cracolândia


Promotores querem que Justiça condene governo estadual a pagar R$ 40 milhões

O Ministério Público qualificou ontem de fracasso a operação na cracolândia, iniciada em 3 de janeiro pelo governo do Estado no centro de SP.

Os promotores incluíram um balanço das atividades em uma ação civil contra o governo em que pede uma indenização de R$ 40 milhões por danos morais e materiais. O dinheiro poderá ser revertido para o tratamento de dependentes da droga.

A Promotoria também pede a suspensão imediata das chamadas "procissões de usuários" -resultado da ação adotada pela Polícia Militar de não deixar que os usuários se aglomerem, se sentem ou deitem-se nas ruas.

O balanço e a ação foram anunciados ontem pelo grupo de quatro promotores que investiga a operação na cracolândia desde janeiro.

Para o Ministério Público, a operação se mostrou até agora um absoluto fracasso por não ter conseguido quebrar a estrutura do tráfico na região, como a PM garantiu que faria em 30 dias, nem reduzir o número de usuários.

Os promotores dizem que os dependentes se espalharam para outros pontos da cidade e, com isso, o número de traficantes aumentou.

Os promotores apresentaram o número de apreensões de drogas em janeiro e fevereiro na cracolândia.

Em 2011, segundo eles, nos primeiros dois meses do ano foram apreendidas mais de 19 quilos de crack e cocaína na região. Neste ano, foram menos de dois quilos.

Os números apresentados pelo governo, segundo a Promotoria, foram inflados porque englobavam apreensões de outras partes da cidade.

Na área da saúde, segundo os promotores, o resultado também não foi satisfatório. Levantamento dos promotores apontou que das 129 pessoas encaminhadas para tratamento, 86 tinham abandonado as clínicas antes de três meses (em tratamentos de seis meses). A maior parte dos 43 restantes, não tinha ligação com a cracolândia.

Para os promotores, o modelo adotado antes da operação -abordagens feitas por agentes de saúde e presença menos repressiva da PM- é a melhor alternativa para a região.

Folha de São Paulo

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